 M.Basilea Schlink O Caminho de Jesus - A Senda do Cordeiro Qual foi o caminho de Jesus? A Palavra de Deus claramente nos mostra que: "Para isto mesmo fostes chamados, pois também Cristo sofreu em vosso lugar, deixando-vos exemplo para seguirdes os seus passos, o qual não cometeu pecado, nem dolo algum se achou em sua boca, pois ele, quando ultrajado, não revidava com ultraje, quando maltratado não fazia ameaças, mas entregava-se àquele que julga retamente." 1 Pedro 2.21-23 "Era desprezado, e o mais rejeitado entre os homens... Ele foi oprimido e humilhado, mas não abriu a boca; como cordeiro foi levado ao matadouro; e como ovelha muda perante os seus tosquiadores, ele não abriu a sua boca." Isaías 53.3,7 Já meditamos o suficiente sobre o que foi exatamente o caminho de Jesus? Falando por mim mesma, eu já era uma cristã por mais de dez anos, sem pensar muito naquilo que caracterizava o caminho de Jesus. O fato de que Ele queria levar-me Consigo pelo Seu próprio caminho, não havia realmente ainda me ocorrido. Por que será que o Senhor Jesus nos quer seguindo o Seu caminho? Por que tem Ele o desejo e o anseio para que sigamos em Seus passos? - Porque Ele nos ama imensamente. E, quando amamos alguém, queremo-lo pertinho de nós. Vemos isto na Bíblia: Jesus nos quer junto a Ele por todo o caminho, até o trono. Já faz mais de 50 anos, mas ainda me lembro o quanto fiquei surpresa quando, pela primeira vez, li conscientemente as palavras de Apocalipse 21.7: "O vencedor herdará estas coisas", e a promessa de Jesus: "ao vencedor dar-lhe-ei sentar-se comigo no meu trono" (Apocalipse 3.21). Parecia-me quase impossível que nós, seres humanos pecadores, pudéssemos sentar com Jesus em Seu trono, desde que fôssemos vencedores. Foi então que percebi: o Senhor Jesus nos ama de tal maneira que nos quer ter ao Seu lado para sempre - em Seu caminho aqui na terra, e lá em cima na glória celestial. |
Mas isto não era de se esperar; pelo menos não para mim. Naquela época eu não havia ainda entendido a importância total das palavras de Jesus: "Siga-Me".  Um dia, enquanto lia um livrinho sobre a eternidade, fui desafiada por Deus: "Você não está seguindo Jesus inteiramente. Você não está indo pelo Caminho do Cordeiro, a vereda pela qual Jesus caminhou, conforme está descrito em 1 Pedro 2: "Pois ele, quando ultrajado, não revidava com ultraje; quando maltratado não fazia ameaças, mas entregava-se àquele que julga retamente"- ou seja, ao próprio Deus. Tive de admitir que eu não estivera seguindo esse Caminho do Cordeiro.Naquela época, no início da década de 1930, durante o período Hitleriano, tinha sobre mim a responsabilidade de liderar o trabalho estudantil, das moças cristãs de meu país. Nos "campus" universitários havia grupos que apoiavam Hitler; eles próprios intitulavam-se: Alemães Cristãos. Deles recebi várias cartas atacando-me porque eu pertencia à Igreja Confessional que não se havia adaptado àquelas idéias políticas. Quando penso na maneira pela qual lhes respondi, sinto-me agora envergonhada. Certamente não estava andando no Caminho do Cordeiro, ainda que esse caminho significasse manter-se fiel à verdade e a professá-la. Subitamente, tornei-me ciente de que não estava seguindo aquele caminho, embora Jesus nos tenha chamado para fazê-lo. Acabamos de ler em 1 Pedro 2 que devemos seguir Seus passos, ou seja, escolher o Caminho do Cordeiro. Chegou, então, o momento em que me comprometi a seguir o Caminho do Cordeiro. Foi como se eu fizesse um acordo com o Senhor Jesus: de agora em diante vou andar no Caminho do Cordeiro. Isto quer dizer que, quando sou injustiçada, ou insultada ou negado o que me é devido - o que é algumas vezes o caso com legados - sigo o Caminho do Cordeiro, entregando totalmente a situação a Deus. Em vez de discutir, confio nEle para uma solução. Logo após, surgiu imediatamente a primeira prova. Ficou combinado que seriam iniciados cursos de Bíblia na casa de meus pais, a Casa Steinberg. Algum mobiliário havia sido doado para esse fim. Um dia, de repente, levaram embora o dito mobiliário. Normalmente, a minha reação teria sido: "Isto não é justo! A mobília nos havia sido dada." Mas, então, pus em prática aquilo que havia prometido ao Senhor: segui o Caminho do Cordeiro e nada disse. Nosso pai espiritual, o Pastor Riedinger, nos havia dito uma vez: "Os cordeiros não são feitos num só dia". Não nos transformaremos em cordeiros de repente, e andar no Caminho do Cordeiro, não será uma atitude natural para nós também, subitamente. Veio-me à memória uma passagem das Escrituras sobre Jesus: "embora sendo Filho, aprendeu a obediência pelas coisas que sofreu" (Hebreus 5.8). Como fiquei comovida pelo pensamento de que Jesus teve de aprender isto! E tive ciência de que: Tampouco nós podemos esperar que nos tornemos um cordeiro subitamente. Isto é um processo, e agora é o momento de começarmos nosso aprendizado. Alguns anos mais tarde, em oração, alguém me viu da seguinte maneira: eu estava usando um manto aveludado e esvoaçante. Mas havia um remendo escondido nesse lindo manto, que, não fora isto, seria perfeito. Então, o Senhor Jesus começou a atirar setas contra este remendo endurecido, o qual foi sendo cada vez mais perfurado até que desapareceu completamente, deixando um buraco no lugar. Nesse buraco então Jesus derramou o bálsamo do amor, e assim o amor fluía livremente. Mas, foram necessárias muitas setas antes que isto pudesse acontecer. Tudo aconteceu exatamente como o Senhor mostrou. Não muito tempo depois, deparei-me novamente com a opção de seguir o Caminho do Cordeiro. Naquela época éramos cerca de 50 Irmãs vivendo na casa de meus pais, a Casa Steinberg. Um dia, chegou uma carta mandando-nos deixar a casa. Sabia que se eu obedecesse, ficaríamos sem teto, e talvez até mesmo forçadas a desmanchar a nossa Irmandade. Darmstadt ainda estava em ruínas (após um intenso ataque aéreo no fim da 20 Guerra Mundial). Onde poderíamos encontrar uma casa para tantas pessoas? Ainda assim, eu estava decidida a seguir o Caminho do Cordeiro e não responder: "Mas a lei está do nosso lado!". Assim, cumpri o que me fora exigido, dizendo: "Sim; vamos sair", ainda que eu não tivesse a menor idéia para onde iríamos. A Bíblia nos ensina a entregar a nossa causa a Deus: devemos confiar nEle que julga com justiça e que cuida do assunto. E o que aconteceu? Um dia, uma Irmã que estivera visitando seus pais, voltou com a chave para um pequeno terreno em Eberstadt (um subúrbio de Darmstadt). O pai dela estava pondo o terreno a nosso dispor. O terreno tinha o tamanho suficiente para construirmos nossa Casa Matriz. Que milagre! E foi assim que a nossa terra de Canaã começou, pois, eventualmente, pudemos comprar os campos adjacentes, um de cada vez, conforme o Senhor nos liderava a fazê-lo, pela fé. Foi tudo obra dEle. Deus controlou toda a situação. Ele cuidou de nós e preparou o caminho. Há tantas coisas mais que eu poderia compartilhar com vocês sobre a alegria de seguir o Caminho do Cordeiro. E vocês sabem por que isto é tão especial? Porque nesta caminhada estamos com o Cordeiro de Deus, o Maior de todos. Uma vez em que estes tempos terríveis estejam findos, Ele será glorificado por toda a humanidade. Em Apocalipse 5, lemos que toda criatura, a terra inteira, adorarão o Cordeiro em toda a Sua glória. O motivo pelo qual Jesus é tão glorioso, é que como o Cordeiro de Deus, Ele não revidou ou devolveu insulto contra insulto. Como um cordeiro levado para o matadouro, Ele foi, sem resistência contra a Sua morte e suportou a crucificação agonizante. O que torna o Caminho do Cordeiro tão maravilhoso, é que ele nos leva para perto do Cordeiro de Deus e nos une a Ele. Nesse caminho aproximamo-nos dEle cada vez mais e nosso coração enche-se da alegria de saber que Jesus é o Cordeiro de Deus! Renovadamente O louvamos como o Cordeiro que tomou sobre Si os nossos pecados e levou-os embora. Pelo fato de Jesus haver feito isto por nós, somos agora chamados para "levar as cargas uns dos outros" (Gálatas 6.2). Isto significa que devemos ser clementes e compassivos quando outras pessoas nos causam dificuldades e problemas. Deveríamos suportar isso com boa vontade, como cordeiros. Na nossa organização ainda tínhamos muito que aprender sobre o Caminho do Cordeiro. Permitam-me compartilhar mais um exemplo com vocês. Tínhamos um vizinho que era dono de um posto de gasolina, e, porque ele se opunha tanto a nós, vivia jogando lixo por cima da cerca para dentro de nossa propriedade. Ele também costumava incitar seus fregueses contra nós, fazendo uma série de comentários desfavoráveis sobre "aquelas Irmãs ali do lado..." Um dia, chegou-nos uma carta dele, queixando-se do repicar do sino da nossa capela. Ele exigia que parássemos definitivamente de tocá-lo. O que poderíamos fazer? Enquanto eu orava sobre aquela situação, comecei a perceber que deveríamos mostrar mais amor por aquele homem. Então, fui até lá e pedi desculpas, dizendo-lhe como lamentávamos tê-lo incomodado com o toque do nosso sino. Prometi-lhe que, ou pararíamos totalmente de tocá-lo, ou tocaríamos o mínimo possível, conforme ele preferisse. O homem ficou tão comovido que tornou-se nosso amigo. Quando as pessoas agora vinham abastecer seus carros ele comentava: "Os senhores deviam visitar aquelas Irmãs. O ambiente lá é maravilhoso". Mais tarde, ele até presenteou-nos com um vaso de flores! Foi espantoso ver a transformação. Agora, não estou tentando dizer que deveríamos seguir o Caminho do Cordeiro somente para que o Senhor depois pudesse mostrar-nos uma maior bondade. Este jamais deveria ser o nosso motivo. Contudo, a Bíblia diz que Deus intervirá a nosso favor se entregarmos tudo em Suas mãos. Vimos isto acontecer quando deixamos a Casa Steinberg e em seguida compramos a terra de Canaã, e quando o homem do posto de gasolina tornou-se nosso bom amigo. Este é o tipo de coisa que o Senhor faz, quando seguimos o Caminho do Cordeiro.  Mas existe algo que realmente eu gostaria de frisar. Como no começo da minha vida cristã eu falhara em seguir o Caminho do Cordeiro, cheguei a um arrependimento ainda mais profundo, e esse arrependimento trouxe-me aos pés de Jesus. 1 João 1 tornou-se mais real para mim: "Se confessarmos os nossos pecados, Ele é fiel e justo para nos perdoar." Isto aplica-se a todos nós, quando reconhecemos nossos pecados. Talvez, assim como eu, alguns de vocês se lembrem de incidentes quando não agiram dentro do espírito de Jesus, o Cordeiro de Deus. Como eu pessoalmente descobri que isto é de grande ajuda, gostaria de encorajar a cada um a fazer um trato com o Senhor. Naquela época eu havia assumido um compromisso diante de Deus: de agora em diante, a minha escolha é seguir o Caminho do Cordeiro, haja o que houver. Não importa que eu seja atacada, caluniada ou injustiçada, agora seguirei o Caminho do Cordeiro.Hoje estamos tratando sobre o caminho de Jesus ser o nosso, e acredito ser isto um tema da maior importância. A Bíblia enfatiza a importância da escolha de seguir o caminho que foi o dEle, pois de outra maneira não poderemos pertencer-Lhe lá em cima. O caminho que Ele seguiu deve ser o mesmo para nós. Se não pertencermos a Jesus nesta vida e compartilharmos do Seu caminho aqui, como poderemos caminhar com Ele no Paraíso? Em Apocalipse, diz o Senhor "...andarão de branco junto comigo" (Apocalipse 3.4). Sempre gostei dessa passagem. Vocês podem imaginá-la? - Jesus verdadeiramente caminhará de mãos dadas com aqueles que a Ele pertencem e que com Ele compartilharam o Seu caminho. Juntos eles caminharão pelos campos celestiais e pela cidade de ouro. Ele caminhará conosco no céu, se tivermos andado com Ele aqui na terra. Por isso considero da maior importância que todo aquele que sentir-se movido a fazê-lo, que se dedique a seguir o Caminho do Cordeiro -talvez com as seguintes palavras: "Aqui estou Senhor, pronto para seguir o Caminho do Cordeiro Contigo. Confio no poder da Tua redenção. Através do Teu precioso sangue, Tu me limparás da natureza pecaminosa da qual todos nós partilhamos: a tendência à represália, à discussão, à guardar lembrança das injustiças que nos foram feitas ou de justificar certas reações quando tratados injustamente. Tu me transformarás e farás de mim um cordeiro - manso e clemente como Tu és." Repetindo: isto é algo decisivo para nossa vida, pois as passagens que li para vocês são da Bíblia. O Caminho de Jesus - O Carregar a Cruz e a Submissão da Vontade Vejamos agora um outro versículo da Bíblia que realça mais um aspecto do caminho de Jesus, e que nos desafia a fazermos com que seja também o nosso."Se alguém quer vir após Mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me". Mateus 16.24 Nos dias de hoje, todo mundo tem uma cruz para carregar. Por exemplo: basta pensarmos no sofrimento dos pais, quando seus filhos seguem o caminho errado ou se envolvem no ocultismo. O cenário mundial está atualmente dominado por atividades satânicas e pecados de perversão. A influência do mal está penetrando na vida familiar - vemo-la entre os nossos amigos e parentes - trazendo cruzes, uma após outra, em seu rastro. Os professores estão sofrendo, a ponto de suas próprias vidas algumas vezes serem ameaçadas por alunos violentos. Assim, as seguintes palavras de Jesus são altamente apropriadas para nossa época: "Se alguém quer vir após mim..." Primeiramente, consideremos a palavra "quer". Ela implica num ato de vontade. Portanto, se alguém quer segui-lO, "tome a sua cruz" - como fez Jesus, até o ponto de Sua própria crucificação - "e siga-me". Filipenses 2.5-8, diz claramente: "Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus". Qual foi o sentimento ou atitude de Jesus? Ele "a si mesmo se esvaziou [de Sua glória], assumindo a forma de servo... e, reconhecido em figura humana, a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte, e morte de cruz". Em João 12.26, Jesus declara: "...onde Eu estou, ali estará também o meu servo." E, mais uma vez, uma referência a pertencermos um ao outro: "Onde Eu vou, e da maneira que ajo, assim também agirás..." Tudo isto indica o quanto Jesus nos ama. Onde Ele estiver, ali também deverá estar o Seu servo. Poderíamos quase dizer que Jesus não agüenta estar longe de nós. Conforme lemos no Novo Testamento, Jesus nos salvou e tornou-nos os Seus santificados e amados, a fim de que pudéssemos ser inteiramente dEle. Esta é a razão pela qual Ele enfatiza Seu relacionamento conosco através de palavras como: "da mesma forma que Eu...também vocês..." - nós devemos estar sempre juntos. E se seguirmos o caminho da cruz junto com Ele e compartilharmos dos Seus sofrimentos, compartilharemos também da Sua glória, conforme está escrito em Romanos 8.17. Mais uma vez, verificamos um elo definitivo. Carregar a minha cruz, sempre significa dizer "Sim" a um sofrimento específico, a uma cruz, que Deus trouxe para a minha vida. O principal é estarmos totalmente submissos. Quando oramos, dizendo "Sim, Pai", estamos confessando que a Sua vontade é a nossa. "Tua vontade é a minha vontade". Antigamente, isto não passava de uma frase para mim, mas atualmente tornou-se parte integrante de minha vida, e isto fez de mim uma pessoa extremamente feliz! Qualquer que seja a expressão da Tua vontade, é a Tua vontade, que vem do Teu coração e não traz senão o melhor para mim. Por trás dela estão o Teu amor e a Tua sabedoria. Tudo o que Tu me envias através da cruz ou de um sofrimento - como problemas, decepções, doenças, ou a perda de um ente amado, ou seja lá o que for - por trás disso tudo está a Tua vontade. E a Tua vontade é a minha vontade. Entrego-me totalmente a essa vontade, pois sei que ela vem do coração de Deus, e a aceitação da Tua vontade é a chave para o Teu coração. meu raciocínio foi simples: Então estarei unido com Deus, o Todo-Poderoso, o Deus forte. E, se Ele e eu somos um - devido à minha vontade estar unida a dEle - então eu sou forte. E aí também, encontrarei forças para suportar o sofrimento. A submissão da minha vontade me capacitará a suportar tudo. A minha vontade tem de estar totalmente submetida a Deus. Sendo seres humanos insignificantes e pecadores, como podemos questionar as ações do grande e poderoso Deus e Criador de tudo quanto existe e tem vida, inclusive os céus estrelados? Suas normas soberanas são perfeitas e tudo quanto Ele faz é motivado pelo amor - e isto é também verdade para as orientações por Ele dadas aos Seus filhos. Como podemos queixar-nos? Como podemos recusar-Lhe a submissão de nossa vontade a Ele? Somente posso testemunhar de que a submissão de nossa vontade a Deus torna qualquer sofrimento fácil de ser suportado. Muitos de vocês sabem que a nossa Irmandade está presentemente atravessando um período difícil, mas, não é maravilhoso que possamos sempre dizer: "Esta é a Sua vontade; em última análise, vem dEle!" Quando não queremos submeter-nos à vontade de Deus, freqüentemente culpamos as pessoas ou as circunstâncias pelo que nos está acontecendo. Mas, na realidade, tudo quanto acontece, em última análise, vem de Deus. O profeta Amós pergunta: "Sucederá algum mal à cidade, sem que o Senhor o tenha feito?" (Amós 3.6). Tudo quanto acontece foi permitido por Deus, por algum motivo, e se nossa vontade está submissa a Ele, somos um com o Pai, como Seus filhos, completamente entregues a Ele. Assim, temos paz em nosso coração e conseguimos enfrentar as situações difíceis. Agora, eu gostaria de ler algumas passagens sobre o Senhor Jesus, que me comoveram sobremaneira. No alto desta lista escrevi o seguinte título: "Jesus faz aquilo que o Pai deseja". "A minha comida consiste em fazer a vontade daquele que me enviou, e realizar a sua obra." Como podemos ver, o alimento de Jesus era fazer a vontade de Deus. Ele era nutrido e sustentado por executar essa vontade, embora isto significasse um sofrimento incomensurável para Ele. Ele vivia da vontade de Deus. Jamais pensou em agir de qualquer outra maneira. A vontade de Deus era exatamente isto: a vontade de Deus. "Em verdade, em verdade vos digo que o Filho nada pode fazer de si mesmo, senão somente aquilo que vir o Pai fazer; porque tudo o que este fizer, o Filho também semelhantemente o faz." João 5.19 Seja o que Deus fizer, ou como Ele conduzir, ou o que Ele disser, Jesus quer fazer o mesmo. Percebemos essa dependência. Embora Jesus seja o Filho de Deus, e que todo o poder e a glória sejam Seus, Ele manifesta esta humildade. Se resistimos à vontade de Deus, isto nada mais é do que orgulho. No entanto, a marca da humildade de Jesus é que Ele sempre disse que faria somente aquilo que vira o Pai fazer. "Porque eu desci do céu não para fazer a minha própria vontade; e sim, a vontade daquele que me enviou." João 6.38 A passagem de João 18.11 nos é bem conhecida: "Por acaso não beberei o cálice que o Pai me deu?" Em outra ocasião, Jesus disse:"Nada faço por mim mesmo; mas falo como o Pai me ensinou." (João 8.28). Jesus nada faz e diz somente por Sua autoridade, mas, apesar disso, não foram todas as coisas criadas através dEle, o Filho de Deus? (Colossenses 1.16) Esta humildade, esta dependência da vontade de Deus, é esmagadora, e, como somos chamados a seguir o exemplo de Jesus, devemos sempre repetir: "Se esta é a Tua vontade meu Pai, então quero executá-la, e não a minha". Vem-me à mente a linda passagem de Hebreus 10.9: "Eis aqui estou para fazer, ó Deus, a tua vontade." A razão pela qual Jesus veio para este mundo terrível, onde nada, a não ser o sofrimento O esperava, foi para fazer a vontade de Deus. Eis quão santa era para Jesus a vontade de Deus. Assim, freqüentemente penso: Quem sou eu para questionar a vontade de Deus ou para recusar de submeter-me a ela? Como posso ousar fazer isto? Está escrito: "Porque importa que todos nós compareçamos perante o tribunal de Cristo para que cada um receba segundo o bem ou o mal que tiver feito por meio do corpo." (2 Coríntios 5.10) Resistir à vontade de Deus não pode ser considerada uma boa atitude. Deus nos cobrará isso. Mas - agora vem o "mas" - aqueles que se arrependem do mal que fizeram, verão que nada disso será contado contra eles, desde que -eu estava repetindo as palavras de 1 João 1 - confessem diante de Deus e, quando necessário, diante de outros, suas palavras pecaminosas, decisões e comportamento, pedindo perdão por onde quer que tenham falhado, magoado ou injustiçado outras pessoas. Então, não mais serão julgados. Quando penso na minha própria vida, o perdão é a coisa mais maravilhosa que existe. Jesus nos perdoa por causa do Seu sacrifício e Seu precioso sangue, quando nos humilhamos diante dEle e diante daqueles a quem injustiçamos. A Bíblia diz: "...aquele, porém, que faz a vontade de Deus permanece eternamente" (1 João 2.17). Se fazemos ou não a vontade de Deus é algo decisivo: as conseqüências nos seguirão pela eternidade. Mais especificamente: aqueles que fazem a vontade de Deus habitarão com Jesus para sempre. Recentemente, tenho dito com freqüência: a eternidade é o que importa. Precisamos ter uma maior consciência da eternidade, pois nela já não mais teremos a capacidade de modificar seja lá o que for, ou de fazer emendas. Não sabemos quando estourará uma guerra, pois a instabilidade da situação mundial aumenta cada dia. Não sabemos por quanto tempo viveremos. Ah! se ao menos agora, enquanto ainda há tempo, escolhêssemos o Caminho de Jesus! Se ao menos agora permitíssemos que nossa vida fosse emendada e pedíssemos perdão por todas as ocasiões em que não andamos em Seus passos! O Espírito Santo mostra-nos a verdade sobre nós mesmos. Há mais ou menos uns 10 anos atrás, subitamente me veio à cabeça: "Preciso estar ciente de tudo em minha vida que não foi bom e onde desgostei a Deus e outras pessoas". Comecei então a orar diariamente por isto, e daquele momento em diante, muitos incidentes, há muito já esquecidos, começaram a vir-me à mente, e isto repetidamente me trouxe a um profundo arrependimento.  Não pensem no entanto, que arrependimento e contrição são a mesma coisa que desânimo e desespero. Devo dizer que eu estava verdadeiramente agradecida por tudo isto, pois agora, eu tinha a oportunidade de arrepender-me do que estava errado e de consertar onde houvesse esta possibilidade. Como eu estava feliz, com a segurança que Jesus aceita os pecadores e os perdoa! Não caí num "poço de desânimo". Algumas vezes, ouvimos palavras assim: "Caio em desespero quando um pecado de minha vida é descoberto". Pelo contrário, descobri que experiências deste tipo nos atiram aos braços de Jesus e que o Seu sangue nos limpa.Está tudo em conexão com as seguintes palavras de Jesus: "Se alguém quer vir após mim...tome a sua cruz e siga-me". Se O sigo, caminhando em Seus passos, quer dizer - e este pensamento está sempre comigo - que estou exatamente O seguindo. Estou sempre ali andando em Seus passos, pertinho dEle. Esta é a razão, pela qual carrego a cruz junto com Ele. Por esse motivo, não caio em desespero ou torno-me incapaz de suportar a cruz, pois estou ali, bem junto dEle. Jesus sabe o que estamos passando quando temos de suportar uma cruz, porque Ele mesmo, conforme está relatado em Hebreus 2.17, foi feito à nossa semelhança a fim de que pudesse ajudar-nos em nossas provas e nossas tentações. Ele até mesmo se solidariza conosco (Hebreus 4.15). É uma maravilha, saber que se temos de suportar uma cruz, tendo de agüentar algum sofrimento, Jesus não exige que tenhamos uma vitória imediata sobre os nossos problemas. Ao contrário, Ele compartilha dos nossos sentimentos e nossas cargas e só então nos pergunta: "Você não quer seguir-Me? Pense nos Meus sofrimentos. Lembre-se: Meus sofrimentos terminaram em ressurreição e em glória. Esse mesmo fim o aguarda." O sofrimento resulta em glória, se é suportado juntamente com Jesus e com o Pai, estando a nossa vontade submissa à dEle. Assim sendo, mais uma vez, o caminho de Jesus, o caminho da cruz, deve ser o nosso caminho. Que privilégio é este! Ele quer que compartilhemos com Ele o Seu caminho e que sejamos unificados com Ele em amor. O Caminho de Jesus - O Caminho do Amor O amor é outra marca autêntica do caminho de Jesus, e, como o caminho dEle deve ser o nosso, esse amor deveria ser também demonstrado em nossa vida. Como está escrito em Efésios 5.1,2:"Sede, pois, imitadores de Deus... e andai em amor, como também Cristo vos amou." A palavra chave é: "como também". Depois de ler este versículo, estou certa de que todos nós diremos: "Mas, isto não é realmente possível. Como poderemos amar da mesma forma pela qual Cristo nos amou? Ele é o próprio amor." Mas, eis que podemos novamente ler: "Se Deus de tal maneira nos amou, devemos nós também amar uns aos outros." 1 João 4.11 Todos nós sabemos o que o próprio Jesus disse sobre o amor. É uma ordem real de Deus e um desafio vibrante: "Novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros; assim como eu vos amei, que também vos ameis uns aos outros." João 13.34 Em outra ocasião, Ele vai tão longe a ponto de declarar: "Portanto, sede vós perfeitos como perfeito é o vosso Pai celeste." Mateus 5.48 Dentro do contexto da passagem inteira, é óbvio que Jesus quis dizer "perfeito no amor". Na primeira vez em que li conscienciosamente essa passagem da Escritura, disse a mim mesma: acho isto difícil de compreender. Como é possível que eu seja perfeita no amor da mesma forma em que nosso Pai Celestial o é? Sou um ser humano pecador, e meu amor nem mesmo alcança o que está escrito em Colossenses 3.12-14: "Portanto, como povo escolhido de Deus, santo e amado, revistam-se de profunda compaixão, bondade, humildade, mansidão e paciência. Suportem-se uns aos outros e perdoem as queixas que tiverem uns contra os outros. Perdoem como o Senhor lhes perdoou. Acima de tudo, porém, revistam-se do amor, que é o elo perfeito." Amor; o amor é a rainha de todas as virtudes. O amor é o maior atributo da natureza divina, como está escrito: "Deus é Amor" (1 João 4.8). O amor é o maior de todos, porque Jesus, o Amor eterno, demonstrou-o pela Sua disposição de sofrer por nós pecadores, a dor incomensurável da crucificação. O amor traz regozijo ao nosso coração. Se amamos, somos felizes e cheios de alegria. Se guardo em meu coração o mais leve traço de amargura e ressentimento contra alguém ou se fico tomando nota de todas as vezes em que essa pessoa me fez mal, ou foi desagradável, ou magoou-me, e assim por diante, então, sinto-me infeliz. Não tenho compaixão por essa pessoa, que, como todo mundo, tem as suas faltas e algumas vezes comete erros. Mas, quantas vezes eu mesmo não os cometo? Suportar-nos uns aos outros, com amor - isto é o que conta! Tantos casamentos são desfeitos por falta de indulgência - às vezes mesmo, por razões tão tolas quanto maneirismos irritantes e maneiras de falar. Esperamos que os outros sejam santos e não podemos suportar se eles não preenchem o nosso ideal e não atuam da maneira que desejávamos que o fizessem. Entretanto, Jesus diz que devemos ser perfeitos no amor, da mesma maneira que é o nosso Pai no céu. Temos várias filiais da nossa Irmandade em vários países, e para mim, a coisa mais importante é que cada pequeno grupo das Irmãs destacadas para cada uma dessas filiais, esteja vivendo em harmonia - que não tenham nada umas contra as outras, pois isso perturbaria a confraternização de amor. O amor é o maior de todos. Isto é o que diz a Palavra de Deus (1 Coríntios 13.13). Nem mesmo a fé pode comparar-se a ele; nem mesmo a esperança. O amor é o que conta, no que se refere a Deus. Provavelmente, a primeira pergunta que nos será feita quando entrarmos na eternidade, será: "A sua vida foi caracterizada pelo amor? Qual foi a sua resposta para aqueles que eram difíceis de suportar ou que tornaram a sua vida difícil?" Cheguei à conclusão de que não basta seguirmos o Caminho do Cordeiro. Não basta reprimir-nos de exercer uma represália, fazendo ameaças e batalharmos por nosso direitos. O amor é mais do que isto; é algo terno e cheio de calor. Significa termos um coração aberto para a outra pessoa, e isto não nos vem naturalmente. Todos nós temos algumas reservas a respeito dos outros e até mesmo ressentimentos por mágoas passadas. Estava compartilhando com vocês o que Jesus espera de nós: que sejamos perfeitos no amor, da mesma forma em que o é o nosso Pai que está no céu. Agora, Jesus não nos desafiaria ou ordenaria a fazermos algo que fosse impossível para nós, seres humanos, executarmos. Sempre digo às Irmãs que, se Deus nos dá uma incumbência, Ele também assegura que a mesma possa ser executada. Se Jesus nos diz que devemos ser perfeitos no amor e nos ordena a nos amarmos uns aos outros, então, isto deve ser possível, pois se não o fosse, o Senhor não faria tal exigência. Podemos perguntar: "Como isto é possível? Se eu simplesmente não consigo ter amor por alguém - talvez eu somente consiga tolerá-lo de uma forma superficial - ainda assim posso orar por contrição e chegar até ao arrependimento. A contrição transforma tudo. Já compartilhei anteriormente, o testemunho que vou dar a seguir: Há algum tempo atrás, morei numa mesma casa com uma pessoa que era reconhecidamente histérica. Sempre que nos víamos, essa pessoa me lançava uma saraivada de críticas sobre incidentes que jamais haviam acontecido. Percebi que em meu coração eu abrigava algo contra essa pessoa. Eu simplesmente não conseguia amá-la; na realidade, eu mal podia tolerá-la. Um dia, o Senhor apontou-me muito claramente, o seguinte: "Você está em falta, pois você é perfeitamente normal enquanto que essa pessoa é emocionalmente instável. O que Eu lhe peço é amor." Mas eu não possuía amor. Deve ter sido o Senhor, quem pôs em meu coração a determinação de passar um quarto de hora, ou mais, todas as manhãs, durante um período de semanas ou meses, orando por contrição e arrependimento pela minha falta de amor. Se não conseguimos amar e não queremos ter amor, então será necessário que oremos pedindo arrependimento porque Deus requer de nós o amor. Na eternidade Ele nos questionará sobre o nosso amor pelos outros. Após orar dessa maneira durante semanas, ou meses - isto aconteceu há 50 anos atrás - algo aconteceu. Ainda me lembro do lugar onde encontrei a pessoa acima mencionada, e, mais uma vez, a enxurrada de críticas e recriminações caiu sobre mim, e, subitamente, abracei-a, embora em outras vezes, normalmente eu ficasse feliz de simplesmente poder fugir dali. Esta minha reação foi o resultado do arrependimento. Marcou o início de algo novo, e o nosso relacionamento melhorou consistentemente. Se não possuímos amor, o arrependimento é a maneira pela qual podemos obtê-lo. Deus nos oferece uma solução. Ninguém pode dizer: "Não consigo amar." Antigamente, eu costumava pensar dessa maneira, mas, sem dúvida, podemos aprender a amar. Deus nos concede o amor quando trilhamos o caminho do arrependimento, pois Ele atende as orações. Quando existe contrição, surgirá algo novo em nosso coração, mesmo sem percebermos isso. Nossas atitudes subitamente se transformam e começamos a pensar e a sentir de maneira diferente. O arrependimento traz uma vida cheia de alegria! Jesus viajou pela terra, pregando: "Arrependei-vos, porque está próximo o reino dos céus" (Mateus 4.17). Aqueles que se arrependem verão o despontar do reino do céu em sua vida. Experimentarão libertação daquilo que os escravizava, essa incapacidade de amar, e isto é um antegosto do Paraíso.  Todos nós podemos amar, e aprenderemos a fazê-lo, embora não seja de imediato. Eu mesma tive de continuar orando por arrependimento, a fim de que o amor pudesse crescer em mim. A esta altura, gostaria de dizer algo àqueles que possam estar pensando: "Oh! Isto não funciona!" Um pouco antes, referi-me ao versículo bíblico que fala sobre Jesus aprender a obediência através do sofrimento. Durante a Sua vida terrena, nosso Senhor Jesus, provavelmente, teve também de aprender o perfeito amor, porque como o Filho de Deus, Ele era também totalmente um homem. Portanto, não podemos esperar ter amor de imediato. Temos de aprender a amar, e isto é possível, porque o sangue do Cordeiro, o sangue de Jesus Cristo, tem o poder de redimir-nos de nossos pecados e da nossa escravidão a eles, e de renovar-nos, transformando-nos à Sua semelhança.Para terminar, gostaria de frisar mais uma vez: como seguidores de Jesus temos de escolher o caminho dEle. Precisamos assumir um compromisso com Deus, declarando: Pela fé no Teu poder redentor e na Tua vitória, e porque nas Escrituras, Tu assim nos solicitas, quero agora seguir o Teu caminho C seja ele o caminho do Cordeiro, o caminho da cruz, o caminho do amor, ou seja ele qual for, escolho o Teu caminho como sendo também o meu.  Oração de Dedicação: Escolhendo para mim o Caminho de Jesus Senhor Jesus, Por favor, aceite o meu compromisso: Escolho o Teu caminho, a senda pela qual seguiste antes de nós, deixando-nos um exemplo. Por amor a Ti quero seguir os Teus passos. Hoje escolho andar no Caminho do Cordeiro. Foste à nossa frente como o Cordeiro de Deus, desprezado e tratado injustamente. Creio que através do Teu precioso sangue Tu me capacitarás a seguir-Te. Escolho o Teu caminho da cruz e da obediência. Quero submeter minha vontade a Ti em toda orientação difícil.Seguiste, antes de nós, por caminhos de sofrimento,numa dedicação total à vontade do Pai. Escolho Teu caminho de amorem resposta ao Teu mandamento, Senhor Jesus, para seguir o Teu exemplo e para nos amarmos uns aos outros, assim como Tu nos amaste (João 13.34). Senhor Jesus, sei que não nos chamarias para seguirmos nos Teus caminhos sem dar-nos as forças para assim fazê-lo. Ajuda-me a aprender de Ti. Pelo Teu sangue derramado e no poder da Tua redenção Tu me capacitarás a caminhar cada vez com mais fidelidade, nos Teus passos. Nesta certeza, consagro-me a Ti no dia de hoje. Que o Teu caminho torne-se o meu. Amém. Irmandade Evangélica de Maria, Darmstadt, Alemanha, 1991 Texto do livreto "Seguindo os Passos de Jesus |
